Por Dora Estevam
O que antes era visto por poucos agora está à mostra para muitos. Falo dos famosos desfiles da poderosa Semana de Moda de Nova York. A última edição, encerrada nessa quinta-feira (18.02), mostrou a coleção de inverno 2010/2011 e foi transmitida pela internet. A tecnologia colocando ao alcance das pessoas imagens que antes só eram vistas por uma seleta lista de convidados.
Ao mesmo tempo em que marcas como Alexander Wang, Rodarte, Calvin Klein e Marc Jacobs, entre muitas outras que se pronunciaram, apresentavam suas peças nos desfiles em Nova York, pessoas do mundo inteiro acompanhavam, simultaneamente, no conforto de seus computadores. É o fim de uma era complexa. Por ser um evento fechado e muito encantador o assédio é enorme.
Coordenador do Curso de Moda da FAAP-SP, Ivan Bismara, acredita que essa é uma transformação mundial por causa do comércio eletrônico. O glamour de estar presente vai continuar esteja você na sala de desfile ou de casa. Exemplo citado pelo professor Bismara: a Victoria Secret que investiu na ideia do desfile digital há pelo menos três anos; o sítio dela é totalmente e-comerce; a marca é popular e conhecida no mundo inteiro.
Apresentar um desfile em uma passarela como de NY custa caro, então algumas marcas optaram por desfilar apenas na internet: Temperly London e Rem Acra.
“É o que vai acontecer no futuro: os desfiles vão ser dentro de uma sala fechada com transmissão on-line para as pessoas assistirem de dentro de suas casas, nas grandes telas e fazer o que quiser com a imagem: congelar, ver de perto os detalhes”, explica Bismara.Todas as marcas que optaram pela transmissão on line estão dando um grande passo para o futuro, não apenas por estarem na internet, mas pela comunicação direta com o público, o varejo que consome este produto. Estas com toda certeza não vão morrer tão cedo. Quem se esconder ou deixar de acompanhar o que o público pede, morre. O professor lembra da Zoomp que já foi das maiores no setor de jeans: quem sabe não estaria viva até hoje ?
“O grande problema que tem no mercado brasileiro é a falta do marketing, da comunicação … Os estilistas aprendem a fazer roupas e esquecem de fazer marketing”. Exemplo a seguir: Lá fora tem a Carolina Herrera que consegue fazer tudo, vende no mundo inteiro.
Como em NY ainda vive momento de dificuldade na economia, a opção de transmitir pela internet, além de gerar um clima de otimismo, teve objetivo de impulsionar as vendas. Lojas de departamentos querem desovar seus estoques a preços cheio, sem esperar a liquidação para vender. O varejo é rotativo, o movimento é muito grande, as peças saem rapidamente, o que permite saber o que está vendendo ou não, o que estão comprando. A transmissão pode virar um termômetro do varejo.
A moda exige mudanças assim como todos nós mudamos. É a leitura do comportamento das pessoas. Quanto mais a marca for verdadeira e transparente com o seu público mais vai ganhar.
Em destaque, o desfile de Alexander Wang foi projetado no mega-telão da loja American Eagle Outfitters, ícone da Times Square. O resultado foi surpreendente, a reação do público, um espetáculo à parte. Professor Bismara aposta que se o próximo evento de moda brasileiro SPFW fizer isto, os estilistas vão ganhar dimensão mundial. Esta forma de comunicação fará com que o maior público possível possa ver como se faz a moda. “É uma revolução tecnológica que muda a postura do estilista: eu faço roupa e preciso que as pessoas vejam; eu faço roupas e preciso que as pessoas comprem.”
Aguarde o próximo desfile, ligue o computador e sente na primeira fila.
Dora Estevam é jornalista, escreve sobre moda e estilo aos sábados no Blog do Mílton Jung e está convidada a assistir os mais importantes desfiles do mundo pela internet.
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